
Eu não gostei muito do livro, esperava alguma reviravolta ou que algo impactante acontecesse, mas nem as revelações sobre o passado de Mustafa Said nem certos acontecimentos do final alcançaram as minhas expectativas.
Mas é possível interpretar esse livro com um viés mais psicológico, aí ele fica mais interessante. A meu ver, o protagonista/narrador fica tão impressionando por ter conhecido Mustafa Said que, depois de sua morte/desaparecimento, tenta se tornar o próprio Mustafa Said, pretendendo inclusive desposar a sua viúva e assumir os seus herdeiros. Em alguns momentos do texto não é possível identificar de quem é a fala, se é do narrador ou de seu objeto de adoração, Mustafa Said. Ou seja, eles se confundem. Outro fator importante, o narrador não tem nome. É como se estivesse vago, aguardando que Mustafa Said tomasse posse de sua personalidade. Mustafa Said seria tão dominador assim que mesmo depois de morto seria capaz de dominar alguém? seria o narrador da história a sua última vítima? Acho que sim, o último parágrafo do livro é uma espécie de prova.
Não poderia deixar de mencionar as belíssimas metáforas sobre o Rio Nilo que acompanham toda a história. E também a rotina simples de gente simples, dos moradores da vila. A satisfação que nos traz viver da natureza e junto dos que amamos.
Fico contente de ter lido uma obra literária de um país tão distante e tão pouco conhecido, o Sudão. Vidas e realidade completamente diferentes da minha. Apesar de não saber ainda se o livro é bom, posso dizer que foi uma boa experiência. E aguardo uns anos para uma releitura onde tenho certeza que terei um veredicto.
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