Talvez uma história de amor - Martin Page

Esse é apenas o meu segundo livro de Martin Page e já estou cativada pelo seu estilo de historia e seus protagonistas malucos. 

Aqui, conhecemos Virgile, um parisiense depressivo, que vive sozinho e coleciona ex-namoradas. Trabalha numa agencia de publicidade e é apaixonado por Paris. Virgile tem sua rotina abalada por uma mensagem na secretária eletrônica deixada por Clara, encerrando o relacionamento: "Vou me separar de você Virgile. Não quero mais." O pânico que toma conta de Virgile depois de ouvir essa mensagem não é causado pelo fim do relacionamento com Clara, mas por que ele não tem a menor lembrança de quem é Clara e de que um dia foram namorados.

Esse fato desencadeia uma série de reações em Virgile, que não aceita a hipótese de que o telefonema pode ter sido um mero engano. Procura a sua psiquiatra a fim de investigar os possíveis problemas psiquiátricos que o impedem de lembrar de Clara e do relacionamento que tiveram. Faz exames neurológicos em busca da causa de uma provável amnésia ou doença degenerativa que está afetando a sua memória. Busca apoio dos amigos para atravessar essa difícil fase de fim de relacionamento. E por fim, toma a ação mais surpreende, responsável pela grande e sensacional reviravolta na trama... que eu não vou contar qual é.  

Virgile é um personagem excêntrico e super dramático. Suas relações e ideias a respeito da sociedade são o ponto máximo de comicidade do livro. Ele tem essa estranha missão secreta de não se deixar levar pela normalidade da vida. Ser normal para ele é algo ruim. Virgile tem uma melhor amiga, chamada Armelle. Homossexual, modelo de publicações eróticas, agnóstica e vidente. Armelle é a melhor personagem do livro depois do protagonista e merecia ter a sua própria história. Os poucos encontros dos dois ao longo do livro são excelentes.

Bom, livro sensacional! tragicomédia espirituosa e refinada. Recomendo!

"Passara a vida toda tentando não chamar a atenção. Era uma questao de sobrevivência. Chamara tenção implica dois tipos de perigo: expomo-nos aos golpes e ao esquecimento. Mais prudente é manter-se em um claro-escuro sem glórias."