Além das seis novelas famosas, Jane Austen também escreveu alguns textos, uma peça e algumas histórias curtas, sendo esta, Lady Susan, uma de suas histórias curtas e a única que foi finalizada pela autora. É um romance epistolar, a história é narrada através de cartas trocadas entre os personagens.

Lady Susan, a heroína e vilã da história, é uma recém viúva que mal enterrou o marido e já está a caça de um novo. Usa a sua beleza e carisma para arrebatar os corações indefesos de cavalheiros de posses, e com alguma posição na sociedade, que cruzam o seu caminho. Apesar da idade avançada - nessa época, 35 anos era o mesmo que velhice - Lady Susan faz sucesso com o sexo oposto e, ao mesmo tempo, rompe com a figura ideal feminina da época. A meu ver, mora aí o seu caráter heroico, pois mesmo sendo um rompimento mascarado, ele é feito de forma consciente. E no fim ela triunfa (alerta de spoiler atrasado), indiferente às opiniões alheias e também impune de todos os males causados.
Mas, como dito antes, Lady Susan também é a vilã da história. E seu comportamento se torna absolutamente condenável quando entra em cena a sua filha, Frederica. Aí a já fingida, mentirosa e desleal Lady Susan se mostra uma mãe perversa, odiosa. Um monstro indefensável.
Como é marca da autora, a história possui alguma crítica social, principalmente direcionada aqui ao tipo de educação imposta à mulher naquela época e ao comportamento feminino esperado e cobrado pela sociedade. Os personagens não agradam muito, e a protagonista reina absoluta despertando ódio, principalmente, e admiração. Como o livro é curto, a leitura é rápida. É daqueles livros que se começa a ler e só se larga depois que acaba.
"Não consigo me decidir em relação a nada tão sério quanto um matrimônio, sobretudo porque no presente momento não estou precisando de dinheiro, e talvez, antes da morte do velho cavalheiro, o enlace me trouxesse muito poucas vantagens."
Nenhum comentário:
Postar um comentário