sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror - Alexandre Dumas

Não conhecia dessa veia tenebrosa de Alexandre Dumas. Ele é famoso pelos romances históricos, como o excelente A rainha Margot, e os livros chamados de "capa e espada", como Os três mosqueteiros. Foi uma boa surpresa conhecer esse lado do autor.

O livro é formado por dois contos, 1001 fantasmas e A mulher da gargantilha de veludo. O primeiro, o melhor na minha opinião, começa de forma bem intrigante e assustadora, e o desenrolar é bem inusitado. Acontece em volta de uma mesa de jantar, em que cada um dos presentes tem uma história arrepiante para contar. Já o segundo é uma história romântica, numa Paris revolucionária, com decapitações e clima de morte. Não dá para esperar um final feliz para esta história.

O autor faz uma reconstituição de fatos históricos importantes para a França e introduz como personagens pessoas que de fato existiram. Até mesmo o próprio Dumas é personagem de um dos contos.

A introdução é excelente, não só por narrar a vida de Alexandre Dumas, mas também pela revelação de suas influências como autor. Surpreendente saber que impressionou-se bastante com As mil e uma noites, a ponto de reproduzir em seus próprios trabalhos algumas das técnicas narrativas de Sherazade.

Percebi mais um lado positivo em ler em e-books. As notas explicativas, que são pouco práticas e nada atrativas nos livros tradicionais, tornam-se muito interessantes nesse formato. É só clicar no número, ler a nota e clicar de volta no número, e voltamos para onde paramos de ler no texto. Sem o atrapalho das muitas páginas entre o início da nota e o fim do capítulo. Esse recurso ajudou muito a entender o contexto histórico dessa leitura, já que não sou expert em história da França nem sei de cabeça todos os seus reis e como morreram. Se fosse em formato tradicional não me daria o trabalho de ler as notas.

Abaixo segue trecho bem humorado em que o autor relata como foi a morte de Voltaire:

- "Cavalheiro, reconhece a trindade de Jesus Cristo?"
- "Cavalheiro, permita que eu morra sossegado, por favor." Responde-lhe Voltaire.
- "Entretanto", continua Tersac, preciso saber se reconhece Jesus Cristo como filho de Deus".
- "Em nome do Diabo", exclama Voltaire, "não me fale mais desse homem" - e, reunindo o pouco de forças que lhe resta, dá um soco na cabeça do vigário e morre.

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