terça-feira, 8 de março de 2016

Orgulho e preconceito - Jane Austen

Com tantos livros bons e inéditos esperando para serem lidos, é um pouco complicado decidir fazer uma releitura. Principalmente no caso de Orgulho e preconceito que foi lido por mim em 2011, apenas 5 anos atrás.

Mas um clássico é um clássico. A história já é conhecida, assim como os personagens, mas o caminho percorrido não é mais o mesmo. São novas emoções, novas percepções, uma nova leitura. Como somos pessoas diferentes ao longo dos anos, a releitura também será diferente. Orgulho e preconceito foi o meu primeiro contato com Jane Austen, de forma que foi recompensador relê-lo depois de ter lido toda a sua obra. Pude perceber coisas que não tinha notado na primeira leitura, e a minha relação com a escritora ficou mais íntima. Além disso, foi possível me divertir novamente com os personagens queridos e a ironia da autora.

Acho que todo mundo conhece a história desse livro. Mas muitos acham que é sobre casamento, amor, romantismo... Na verdade, o casamento é mostrado não com um fim romântico, mas como meio de sobrevivência. Pois, naquela época, a mulher não tinha nenhuma outra perspectiva de vida decente fora do casamento.

Por isso que a Sra Bennet, mãe da protagonista, é tão desesperada para arrumar marido para suas filhas. Para ela o problema é ainda maior, pois são cinco meninas. Ela então cria planos mirabolantes e arriscados para fazer sua filha mais velha, Jane, se casar bem, ou seja, com um homem rico. Daí suas outras filhas teriam mais chances de se casarem e de fazerem boas uniões também.

No meio disso tudo está a protagonista, Elizabeth Bennet, que possui um discurso mais moderno em relação ao casamento, mas que ao mesmo tempo entende a sua situação e a das irmãs, e sabe que em breve terá que se submeter às exigências da sociedade. De personalidade forte, Elizabeth não é uma típica garota do século 19. Ela avalia de forma inteligente a sua posição como mulher e a educação a que é submetida. Causa furor com seus comentários perspicazes e insubordinados.    

Tenho muita simpatia pelos coadjuvantes de Jane Austen, são personagens espirituosos, muito bem construídos e interessantes. Destaco aqui a maravilhosa Sra Bennet e o ridículo Sr. Collins. A escrita da autora é de uma sutiliza a refinamento únicos. O texto é elegante, porém simples. E o bom humor e a ironia sempre presentes. É um livro que se lê de uma tacada só.

As vezes incomoda essa alcunha de escritora romântica que Jane Austen parece carregar entre seus leitores desatentos. Os seus livros não se enquadram em nenhum movimento literário, tem caráter único. Suas heroínas não são românticas, e o amor é visto de forma mais racional e prática. Além disso, tanto as mocinhas quanto os mocinhos, cometem erros e tem defeitos. Distanciando-se bastante, então, dos modelos românticos.
"Sem ter em alta conta nem os homens, nem o matrimônio, o casamento sempre fora o seu objetivo; era o único futuro para uma moça bem-educada, de pequena fortuna, e, ainda que não fosse certo que trouxesse felicidade, devia ser a mais agradável proteção contra a necessidade."

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