Quando vejo um filme que foi adaptado de uma obra que gosto ou que sou fã, tento fazer um exercício de desprendimento da obra, aceitar que são mídias diferentes e mudanças são necessárias. Pois nem tudo que funciona no livro, funcionaria no filme adaptado.
Por isso não me incomodou o novo vigor físico de Poirot. Como fã, sei que as únicas partes funcionais do seu corpo são a sua boca de gourmet e as pequenas células cinzentas do seu cérebro. Vê-lo correndo e lutando poderia ofender fãs mais xiitas, mas não é o meu caso. Gostei! funcionou muito bem no filme e as cenas ficaram boas, dentro do contexto do filme e combinaram com o Poirot mais jovem de Branagh.
Falando nisso, o Poirot de Branagh me encantou muitíssimo. Adorei como ele diverte e ao mesmo tempo apresenta o personagem: suas manias, a vaidade, os prazeres da sua vida: comer, viajar e desvendar crimes. O grande elenco estrelado fica um pouco atrás na questão de atuação. É compreensível, pois são muitos personagens, dar profundidade a um personagem com tão pouco tempo em tela deve ser muito difícil. Não vejo destaque em nenhuma atuação, ao mesmo tempo não consigo condenar nenhuma, são todos bons atores e dificilmente erram. No entanto, condeno bastante o tom melodramático que acompanhou o filme na parte final. Achei dispensável, exagerado, risível até.
Gostei de ver presente no filme as referências a peconceitos tão presente na obra de Agatha Christie. Uma crítica que a autora fazia ao que se ouvia frequentemente nos meios sociais em que ela frequentava. Esse aspecto de sua obra é comumente esquecido, mas tão importante.
Foi emocionante ver o meu primeiro filme de Agatha Christie no cinema, ainda mais nas mãos de um ator/diretor tão talentoso. Mesmo que o filme não tenha alcançado as minhas expectativas, ficou um gostinho bom de quero mais.
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