terça-feira, 1 de setembro de 2015

Grandes esperanças - Charles Dickens

Não sei porque nunca tinha lido nada de Charles Dickens. É autor consagrado, popular, inglês e nunca esteve em nenhuma lista minha de próximas leituras, nem de autores indispensáveis. O equívoco começou a ser corrigido com a leitura do excelente Grandes esperanças.

O livro é um passeio por Londres nos primeiros anos do século 19. Acompanhamos a história de Pip, um menino pobre e órfão, criado a "mão" por sua irmã mais velha e seu esposo Joe, o ferreiro. Pip tem seu destino alterado em dois momentos da história, o primeiro é quando cruza o caminho de um presidiário foragido, que precisa da sua ajuda. E o segundo é quando passa a frequentar a casa de Miss Havisham, uma senhora esquisita e muito rica que talvez possa trazer benefícios para Pip. O condenado é assustador e causa grande impressão no menino. Mas é a vivência na casa de Miss Havisham que vai alterar profundamente a personalidade do garoto.

Miss Havisham é a personagem mais interessante desse livro. Uma solteirona meio maluca que foi abandonada no dia do casamento e desde então deixou de viver. Ainda veste o vestido de noiva e conserva os comes e bebes que seriam consumidos na festa de casamento, que nunca aconteceu. Uma figura.

O título vem do surgimento de um misterioso benfeitor, que apadrinha Pip e financia a sua educação. Lançando grandes expectativas sobre o futuro do jovem. A identidade do padrinho permanece secreta até perto do final, o que gera muitas especulações.

O livro é dividido em 3 partes, sendo as duas primeiras impecáveis. Já a terceira e última desanda um pouco, e poderia facilmente ser chamada de "grandes coincidências". Apesar da última parte, o livro é excelente, em poucos capítulos já havia experimentado vários sentimentos distintos. Os personagens são cativantes, como Biddy e o ferreiro Joe. Até mesmo a insuportável Estella desperta afeição.

Adorei a experiência de ler Charles Dickens e mal posso esperar para pegar o próximo livro dele.
Tive dificuldade em selecionar apenas um trecho do livro para encerrar este texto, então aqui estão quatro passagens:

"Eu era covarde demais para fazer o que eu sabia que era certo, como tinha sido covarde demais para evitar fazer aquilo que eu sabia ser errado."
"Então olhei para as estrelas, e pensei em como seria terrível para um homem erguer o rosto para elas enquanto congelava até a morte, sem ver qualquer ajuda ou piedade naquela multidão de astros cintilantes".
"No pequeno mundo em que vivem as crianças, não importa quem as crie, nada é mais delicadamente percebido, nada é mais delicadamente sentido que a injustiça."
"Nenhum trapaceiro na face da terra nos engana tão bem quanto o trapaceiro que existe em nós".

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